Novos corredores podem suprir "ausência" do metrô
Enquanto o senso comum aponta o metrô praticamente como unanimidade para a melhora do trânsito nas grandes cidades, especialistas afirmam que uma solução mais barata pode ser tão eficiente quanto à ampliação da rede metroviária: a ampliação do número dos corredores de ônibus e a mudança do conceito dos que existem hoje.
Eric Ferreira, doutor em Engenharia dos Transportes e ex-diretor do Institute for Transportation and Development Policy (ITPD), entidade que estuda alternativas sustentáveis de transporte em todo o mundo, afirma que é uma utopia imaginar que a ampliação do Metrô irá resolver os problemas de São Paulo.
"A rede metroviária hoje cobre 0,36% do território de São Paulo. Vamos imaginar que esse número seja triplicado nos próximos anos. Iríamos atender a pouco mais de 1% do território paulistano a um custo gigantesco. Sou favorável à ampliação da rede, mas não podemos imaginar que isso vá resolver o problema de São Paulo", diz.
Segundo ele, a implantação de corredores de ônibus de alta velocidade poderia ter um efeito comparável ao da ampliação do metrô em um tempo menor e com um custo bem mais em conta. Hoje, os ônibus atendem a cerca de 25% da malha viária de São Paulo.
Renato Viegas, coordenador de Planejamento da Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, concorda com Ferreira no que diz respeito aos corredores, mas aposta na expansão da linhas ferroviárias de São Paulo.
"Ônibus, metrô e trens são complementares. Uma coisa não invalida a outra, mas é claro que o investimento no metrô é maior e bem mais demorado. A expansão dos corredores pode sim ajudar a desovar o trânsito", diz.
Ferreira cita como exemplo o projeto Transmilênio, implantado em Bogotá, na Colômbia, que possuiu mais de 80 km de corredores exclusivos e atende mais de 1,5 milhão de colombianos por dia.
"São corredores de alto desempenho, que permitem ultrapassagens, a uma velocidade média de 27 km por hora, pouco inferior à do Metrô de São Paulo", diz. Hoje, os ônibus de São Paulo andam a uma velocidade média entre 12 e 17 km por hora".
O projeto colombiano foi implantado entre 1998 e 2000 e é considerado um bom exemplo mundial de transporte.
Para a ampliação do espaço para os ônibus, Ferreira afirma que só há uma solução, antipática aos motoristas, que é ocupar o espaço ocupado hoje pelos carros.
Na opinião dele, o motorista só vai pensar em deixar o carro em casa quando perceber que andar de ônibus é mais rápido e menos desgastante.
Em 2001, a prefeitura paulistana tinha como meta implantar 525 km de corredores de ônibus até 2008, implantou até hoje cerca de 140 km.
"Independente daquele que for o prefeito eleito agora, seria muito bom para a cidade se essa meta fosse perseguida", disse.
Mudanças
Mesmo com os corredores já existentes em São Paulo, Ferreira diz que a situação hoje poderia ser melhor. Ele afirma que a forma como os corredores funcionam hoje tornam o transporte lento.
"A fiscalização não é eficiente e permite que muitos veículos utilizem por exemplo as faixas dos ônibus. Mesmo os táxis, que circulam durante todo o dia nas faixas, deveriam ser coibidos. A faixa precisa ser apenas para o transporte coletivo", diz.
Hoje, qualquer ônibus de linha municipal pode circular pelos corredores. A idéia é que defendida por especialistas é que os ônibus de bairro levassem até os corredores e a partir daí o transporte fosse feito por linhas específicas, a exemplo do Metrô.
"Ônibus com capacidade maior e intervalo menor de circulação dariam vazão ao número de passageiros. Com menos ônibus nos corredores, eles circulariam mais rápido", diz Ferreira.
Fonte: Webtranspo
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