segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SP

Ponto de ônibus vira mural de anúncios
Fernanda Barbosa do Agora SP

Apesar de proibidos pela Lei Cidade Limpa, os anúncios adesivos, também conhecidos como lambe-lambe, agora encobrem diversos pontos de ônibus da capital. Os locais tornaram-se verdadeiros murais, com ofertas de empregos, venda de imóveis e até recompensa para encontro de cães desaparecidos.

A reportagem visitou paradas na região central e nas zonas leste e sul da cidade e notou que, quanto mais longe do centro da cidade e próximo a pequenos centros comerciais, mais "poluídos" estão os pontos.

Na avenida Sapopemba (zona leste de SP), todos as nove paradas cobertas entre os números 1.800 e 6.500 possuem anúncios. A operadora Glória Santos, 54 anos, de Teotônio Vilela (zona leste), trabalha na avenida e reclama da quantidade de anúncios. "Eles deixam a rua muito feia", afirma. Ela diz que nunca ligou para nenhum dos telefones expostos nos pontos, por desconfiança do que é ofertado.

Fiscalização é baseada em denúncias

A fiscalização da Lei Cidade Limpa é feita pelas subprefeituras e está baseada principalmente em denúncias, segundo a prefeitura. Isso acontece porque os 600 fiscais da capital são responsáveis por diversos assuntos, como a inspeção de buracos, e não somente por essa lei.

A denúncia pode ser feita pessoalmente nas subprefeituras, pelo telefone 156 ou via site (http://sac.prefeitura.sp.gov.br).

De acordo com a prefeitura, quando é possível encontrar o anunciante, é aplicada a multa de R$ 10 mil, prevista na lei. Caso contrário, os fiscais determinam a limpeza do local sem nenhum tipo de punição. Desde janeiro de 2007, foram aplicadas 3.376 multas.

LITORAL PAULISTA

Passeio de bonde e tour por morros são opções para dia nublado em Santos

Atrações têm sido bastante procuradas pelos turistas neste verão.
Para quem não quer deixar a areia, tendas cobertas são alternativa.
Do G1, em São Paulo

Eles podem ser uma alternativa a quem já não aguenta mais torrar no sol ou para quem não suporta uma praia lotada. Ou podem ser simplesmente uma saída para um dia nublado no litoral. Em Santos, no litoral de São Paulo, passeios nada convencionais têm atraído turistas neste verão: o de bonde, pelo centro histórico, e o de ônibus, pelos morros da cidade.

O bondinho teve até o trajeto ampliado neste ano. Agora são 5 km de atrações pelo centro. A procura fez com que o horário de término das viagens tivesse que ser estendido e o intervalo entre uma e outra reduzido no início do ano. Já no primeiro fim de semana de janeiro, houve recorde de passageiros desde que o projeto foi criado, há 10 anos: 1.661 pessoas no sábado e no domingo.

“Em dia de chuva, as pessoas deixam de ir para a praia e vêm andar de bonde”, diz o motorneiro Carlos José Andrade Dias, de 37 anos, que trabalha há cinco anos no bonde turístico. Em algumas ocasiões, ele recebe uma visita muito especial. “Minha filha adora, ela até dorme no bonde”, conta.

Apesar de morar em São Vicente, ao lado de Santos, a vendedora Luciana Aparecida Souza de Lima, de 37 anos, fazia o passeio pela primeira vez. O objetivo era entreter, em um dia de chuva, a filha de 9 anos. “Tem que gastar a energia fora, ir para casa só para dormir”, afirma.

A estação de embarque fica na Praça Mauá, considerado o marco zero da cidade. O bonde funciona das 11h às 17h, de terça a domingo. Custa R$ 5 e a viagem demora 50 minutos.

No trajeto, os visitantes podem conhecer 40 diferentes pontos culturais e históricos, entre eles o Teatro Coliseu e a Rua do Comércio, onde está a Bolsa do Café. Há dois pontos de parada: no Palácio Saturnino de Brito e no Outeiro de Santa Catarina.

Tour pelos morros

No caso do passeio de ônibus, há uma linha especial que leva os turistas aos pontos pré-definidos nos morros da cidade. É preciso agendar a visita pelo telefone (13) 3284-4375 e pegar uma senha ou ir diretamente ao posto pela manhã. Os ônibus saem às 15h30 na Praça das Bandeiras, no Gonzaga, mas é preciso se informar sobre o funcionamento em cada fim de semana.

Neste verão, o número de vagas é 50% maior, para atender a demanda. São 72 vagas em três veículos. O passeio custa R$ 10 e conta com um guia especializado. No passeio, os turistas podem ter contato com os bordados típicos da Ilha da Madeira e doces portugueses no Morro São Bento e assistir a uma dança cigana e venda de artesanato no Morro da Nova Cintra, perto da Gruta de Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos.

Praia

Quem não consegue deixar de jeito nenhum a areia de lado há também tendas espalhadas pela cidade, com várias atividades diferentes.

Há aulas gratuitas de alongamento e oficinas de capoeira. Há também dança de salão e todo tipo de brincadeira para crianças. À noite, acontecem sessões de leitura, música e teatro. (G1)

BRASIL

Até municípios menores planejam trens leves

Renato Machado e Rodrigo Brancatelli

Arapiraca é um município de Alagoas com 200 mil habitantes, menos de 30 semáforos e cuja única construção com mais de 10 metros de altura é a cruz da igreja matriz. Trânsito, ali, só em dias de jogos importantes do Asa de Arapiraca, célebre time de futebol da cidade, e olhe lá. Já Sobral, no Ceará, nem secretaria de trânsito ou transportes tem. Corredor exclusivo de ônibus não é nem sonhado. Mesmo assim, apesar da aparente tranquilidade, as duas cidades estão esperando a entrega de trens para implementar suas linhas de Veículos Leve sobre Trilhos (VLT), idênticos aos usados em cidades europeias, com um total de 17 km de trilhos urbanos.

Não são só as capitais e sedes da Copa do Mundo de 2014 que planejam metrôs e VLTs. Municípios médios como Caxias do Sul (RS), Maringá (PR), Cariri (CE), Macaé, no Rio, e os paulistas São Bernardo do Campo, Santos e São Caetano do Sul já concluíram seus projetos e esperam ter o modelo até 2016.

O interesse pelos VLTs é visto na sede da empresa Bom Sinal em Barbalha, no Ceará, a única fábrica que desenvolve o modelo no País. "Nosso primeiro pedido foi para Cariri, em 2007, e demoramos dois anos para fazer dois trens com dois carros cada", diz Fernando Marins, diretor da Bom Sinal. "Agora estamos produzindo mais 86 carros para cinco cidades até 2011, e centenas de prefeitos e secretários nos ligaram demonstrando interesse." A ideia da empresa é produzir cem unidades por ano - cada carro custa R$ 3 milhões. (ESTADÃO)

BRASIL

Sem verba, cidades preteridas pela Copa desistem de implantar VLT

Municípios torciam para receber repasses federais; agora veem alternativa barata nos corredores de ônibus
Renato Machado e Rodrigo Brancatelli

O anúncio das sedes da Copa do Mundo de 2014 foi um balde de água fria em algumas capitais que pretendiam utilizar os recursos federais para resolver problemas de anos de atraso na área de transportes. E o caminho escolhido pelas "rejeitadas" dá uma dimensão da divisão a respeito dos Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs). Pelo menos três já desistiram dos projetos e passaram a dar prioridade aos corredores de ônibus, aumentando a discussão sobre qual é o melhor modelo para a realidade do País.

Em média, o custo para adotar os VLTs é o dobro do de corredores de ônibus do tipo BRT (Bus Rapid Transit), usado em Curitiba e Bogotá. Um projeto para trens leves exige pelo menos R$ 37 milhões por quilômetro, enquanto um BRT sai por R$ 18,8 milhões/km.

"Os VLTs que devem evoluir são os que têm carimbo do Ministério das Cidades, por causa da Copa. Isso porque é um investimento alto para uma capacidade de transporte que um corredor de ônibus proporciona", diz o professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) Ronaldo Balassiano. "O custo de operação é alto, então as tarifas não serão acessíveis ou os governos vão gastar muito em subsídios."

VANTAGENS

Os defensores de corredores no estilo BRT argumentam que, a um custo de operação menor, conseguem transportar praticamente a mesma quantidade de pessoas dos VLTs. Nos ônibus, são entre 10 mil e 20 mil passageiros por hora e sentido, enquanto o modelo sobre trilhos tem capacidade entre 15 mil e 35 mil. "Só é preciso elaborar bem os projetos. Mesmo um BRT pode dar errado se for feito no tapa, para ficar pronto a tempo da Copa", completa Balassiano, que ressalta que os corredores precisam ser um "sistema à parte", não enfrentando cruzamentos e outros tipos de interferência.

O investimento, porém, parece ser o diferencial para a escolha entre os dois modelos. A prefeitura de Campo Grande, por exemplo, ficou de fora da Copa e então desistiu de um projeto de 12 quilômetros de VLT. No lugar, o município vai trabalhar na criação de um sistema com 32 quilômetros de corredores, ao custo de R$ 150 milhões. "Nossa demanda é baixa para a utilização de um VLT e, por isso, vamos trabalhar em um sistema de terminais e corredores", diz o diretor da Agência Municipal de Transportes da cidade, Rudel Trindade. Essa é a mesma situação (de demanda) de Natal, Cuiabá e Porto Alegre, sendo que esta tinha projeto para metrô.

Para o consultor Peter Alouche, os investimentos não devem ser analisados somente pela quantia inicial. "Os custos podem ser maiores a princípio, mas a longo prazo isso se reverte. Uma frota de ônibus precisa ser trocada a cada cinco anos e um trem dura 40 anos." Alouche também afirma que o VLT vem acompanhado de uma revitalização urbanística da região. "O fato de ser um projeto mais caro significa que vai haver uma preocupação maior com a área, que será recuperada urbanisticamente. O Transmilênio (elogiado corredor de ônibus de Bogotá) funciona bem como meio de transporte, mas dividiu a cidade em duas."

Florianópolis é um exemplo de capital que manteve seu projeto, apesar de ter ficado fora da lista da Copa. A Secretaria de Desenvolvimento Regional pretende construir 60 quilômetros de VLT - quase a extensão da atual rede de metrô de São Paulo. O governo estadual quer escapar do alto investimento, estimado em R$ 300 milhões somente para a primeira terça parte do trajeto, utilizando o esquema de Parceria Público Privada (PPP). "Nós vimos o interesse de empresas estrangeiras e, por isso, a construção será viável", diz o secretário Valter José Gallina.
(Estadão)

BRASIL

Capitais planejam 700 km de transporte sobre trilhos
RENATO MACHADO E RODRIGO BRANCATELLI - Agencia Estado

SÃO PAULO - Antes privilégio das grandes metrópoles, o transporte urbano sobre trilhos voltou à agenda dos municípios numa tentativa de aumentar a oferta de transporte público. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que somente as capitais brasileiras mantêm projetos para 700,1 quilômetros de trens, metrôs, monotrilhos e outros modelos do gênero - mais que a distância entre São Paulo e Belo Horizonte.

Isso significa também dez vezes mais que toda a rede de metrô da capital paulista, implementada a duras penas em uma velocidade de 1,5 km por ano desde 1968. A imensa maioria dos projetos de expansão da rede metroviária será financiada pelo PAC da Mobilidade Urbana, que promete investir R$ 5 bilhões em obras de infraestrutura de transportes.

A grande vedete do transporte metropolitano será os Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs), modelo que se tornou símbolo de modernidade e que pode ser adotado por 13 das 27 capitais. Isso sem falar em municípios discretos, como Arapiraca (AL), Cariri (CE) e Maringá (PR), que também estudam projetos de VLTs. "Há alguns bons projetos, mas outros são claramente projetos de ocasião", diz o superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Marcos Bicalho.

Entre os especialistas, não há consenso sobre se foi o Brasil que descobriu um modelo novo para o transporte ou se foram as empresas estrangeiras que encontraram no País um grande mercado potencial. "Há claramente uma ofensiva das multinacionais. Isso não é um problema, desde que as cidades façam estudos adequados de viabilidade", completa Bicalho.

Os VLTs são trens de até 40 metros de comprimento, que trafegam necessariamente na superfície. Eles podem percorrer vias segregadas e interagir com o ambiente, funcionando como bondes modernos. "É um modelo amigável com a cidade, enquanto o ônibus é mais agressivo e contribui para degradar", diz Peter Alouche, consultor e especialista em VLTs. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

COLUNA

Primeiro Plano - Ariverson Feltrin

Ônibus levam meio mundo

Os 14.736 ônibus urbanos da cidade de São Paulo transportaram ano passado 2,868 bilhões de passageiros, número que equivale a quase a metade da população do mundo. Em 2004, os 8.791 ônibus movimentaram 1,677 bilhão de usuários. O acréscimo superior a 1 bilhão de passageiros em cinco anos ocorreu em grande medida por causa do incentivo ao uso do transporte coletivo materializado no bilhete que permite ao passageiro vários deslocamentos sem custo adicional.

Tal política trouxe mais usuários ao sistema e fez crescer os subsídios concedidos pela Prefeitura de São Paulo que, para cobrir a conta, injetou em novembro último, por exemplo, R$ 78 milhões no sistema de ônibus. (Diário do Grande ABC)