quinta-feira, 12 de novembro de 2009

INFO

Frota 80% renovada

Meta é ter em 2010 todos os ônibus com menos de quatro anos de uso
Lara Cristina

Exercer o direito de ir e vir, com independência. Simples assim é como Ystônio de Oliveira, 35 anos, define a sensação de poder utilizar o TRANSPORTE público com ACESSIBILIDADE para cadeirantes. Atualmente, no Distrito Federal, existem 950 ônibus com rampa de acesso para pessoas com deficiência. O número faz parte de uma frota de 2.020 veículos com menos de dois anos de uso. De três anos para cá, aproximadamente 80% dos ônibus do DF foram substituídos. A meta do governo do Distrito Federal até 2010 é que não haja nenhum coletivo com mais de quatro anos de uso nas ruas da capital.

Desde que foi iniciada a substituição, em 2007, a frota reduziu a idade média dos ônibus de 14 para três anos. A idade prevista para circulação dos veículos é de sete anos, embora a legislação permita o uso até dez anos.

Para o técnico em informática Ystônio, o TRANSPORTE público mudou muito nos últimos três anos. Há quase 20 anos ele ficou paraplégico por conta de um tiro nas costas e, desde então, utiliza a cadeira de rodas para se locomover. E para ir e voltar do trabalho e demais compromissos, Ystônio utiliza o TRANSPORTE público. "Acho que com relação à ACESSIBILIDADE, o serviço está pelo menos 50% melhor. Antes, isso simplesmente não existia, agora quase metade dos ônibus já tem acesso para cadeirantes", observa ele.

Para complementar o serviço, na opinião de Ystônio, os profissionais que trabalham no TRANSPORTE, em especial cobradores e motoristas, deveriam receber melhor formação para atender pessoas com deficiência. "É frequente acontecer de o condutor dizer que a rampa está quebrada e que não pode parar o ônibus. Na verdade, muitos não têm paciência de esperar o embarque do passageiro com deficiência", acrescenta o técnico.

MOTORISTAS SATISFEITOS

A substituição da frota dos co-letivos não agradou só no quesito ACESSIBILIDADE. Os motoristas também estão mais contentes em trabalhar com ônibus que não quebram a toda hora e mais fáceis de dirigir e manobrar. "O que mais gostei foi que todas as mudanças no veículo são voltadas para garantir a segurança", comenta Noelton Silva Marcos, motorista há 11 anos.

Ele conta que os novos veículos trazem recursos que ainda não existiam, como sensores nas portas (o ônibus não anda se alguma porta estiver aberta); possuem controle de velocidade (fazem no máximo, 70km/hora e, se estiver chovendo, não ultrapassam 60 km/h); e GPS (que acusa se as portas estão abertas ou fechadas e também se o carro atingiu o limite de velocidade). "O único problema é que com o controle de velocidade nosso horário ficou mais apertado e os PASSAGEIROS esperam mais tempo nas paradas. Se, antes, uma viagem durava 1h40, agora leva cerca de 2h10. Mas com o tempo isso se resolve", observa.

Mesmo com o contraponto, Noelton considera que, no final das contas, a mudança faz com que ele e os PASSAGEIROS se estressem menos no trajeto. Essa diferença no dia a dia também é observada pelo cobrador Hugo Fernandes Campeche. "Ficou mais confortável para todos. Antes a gente chegava no final do dia com zumbido no ouvido, por causa do barulho dos ônibus velhos". Ele observa ainda, que hoje não existe mais o antigo "tapinha" na gaveta do caixa para avisar que os PASSAGEIROS desceram. Basta o cobra-dor acionar um botão e o condutor já sabe quando fechar as portas.

Aumentam as viagens

O secretário de TRANSPORTE, Alberto Fraga, revela que com os investimentos na substituição da frota das empresas a quantidade de viagens passou de 3 mil para 6, 2 mil. "Quando esse número aumenta, o tempo de espera diminui", observa. Além disso, mais viagens podem representar também ônibus menos lotados. Como a fiscalização era reduzida, as empresas preferiam deixar parte da frota dentro das garagens, parada, alegando baixo número de PASSAGEIROS. "Hoje, podemos verificar essa demanda. Sei se uma linha de Samambaia, por exemplo, está com deficit ou não", diz Fraga, que faz questão de comentar que consegue fiscalizar tudo isso de dentro do gabinete.

Atualmente, todos os dados do sistema são monitorados e controlados por rede informatizada. "Não precisamos mais pedir estas informações às empresas", diz o secretário. E lembra, ainda, que tais dados podiam ser facilmente manipulados. "Todo ano era a mesma coisa. As empresas reclamavam de déficit e pediam aumento de tarifas. Quem pagava a conta era o usuário", salienta.

Na opinião do presidente do Sindicato das Empresas de TRANSPORTE Coletivo e Urbano do Distrito Federal (Setrans-DF), Wagner Canhedo, os três segmentos da sociedade ganham com a renovação da frota - empresários, governo e usuários. "Embora tenha sido uma solicitação do governo, também ganhamos muito com isso, pois a empresa VALE o que a frota VALE. Além disso, com tudo novo, caem os gastos com manutenção", diz. Canhedo acrescenta que entre os benefícios gerados pelos investimentos está o aumento no número de PASSAGEIROS.

Entretanto, o presidente do Setrans-DF confessa uma preocupação: "Que o governo nos ofereça condições de pagar as prestações". Para tanto, o GDF propôs apoio em forma de subsídio, como a isenção do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do diesel COMBUSTÍVEL e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Além disso, segundo o secretário Fraga, ano que vem, outro subsídio (no valor de R$ 4 milhões) será concedido pelo governo: o passe estudantil, que até este ano é custeado em um terço pelo estudante e dois terços pelo sistema (os demais usuários pagantes), passará a ser 100% custeado pelo GDF.
(JORNAL DE BRASILIA/ NTU)

Nenhum comentário: