sábado, 5 de abril de 2008

NOTICIA

Trecho crítico trava corredor na Zona Sul

Usuários levam bem mais que 19 minutos (alegados pelo prefeito) para percorrer o M'Boi Mirim

O tempo que os usuários de ônibus gastam para atravessar os oito quilômetros do corredor exclusivo da Estrada do M'Boi Mirim, Zona Sul da Capital, é mais que o triplo dos 19 minutos que, segundo o prefeito Gilberto Kassab, os ônibus levam. A viagem demora mais de uma hora, dependendo do horário
Dos 6,5 milhões de embarques diários no sistema da SPTrans, 2,34 milhões acontecem nas 44 linhas que abastecem essa região. A demora na viagem dos ônibus foi alvo de duas manifestações de usuários no mês passado. A prefeitura adotou medidas que teriam reduzido 'o tempo de viagem de 72 para 19 minutos'.
O Jornal da Tarde testou esse corredor nos últimos três dias. A intenção era verificar quanto tempo os ônibus gastam entre o Terminal Jardim Ângela, na altura do 5.200 da via, até a Av. Guido Calói. O trecho de 5,5 quilômetros é onde o congestionamento é mais crítico, dali para frente o trânsito segue mais livre.
Na última segunda-feira, o ônibus que partiu às 6h30 do Terminal Jardim Ângela levou uma hora e quarenta e cinco minutos para chegar ao Terminal Santo Amaro (distância de nove quilômetros). Uma hora e vinte minutos só para cruzar o trecho crítico de 5,5 quilômetros.
Na terça-feira, a reportagem embarcou mais tarde. Às 7h40 o ônibus partiu do Terminal Jardim Ângela com destino ao Metrô Santa Cruz. Em quarenta minutos atravessamos o corredor.
Ontem, o ônibus demorou duas horas e meia para chegar ao Largo da Batata, em Pinheiros. Ele saiu do Terminal Jardim Ângela às 6h30. O coletivo concluiu o trecho crítico às 8h20 (em uma hora e cinqüenta minutos). O desembarque ocorreu às 9h. Uma eternidade para a auxiliar administrativa Juliana Passos, 20 anos, que trabalha em Pinheiros. 'Parece brincadeira. Chegar no horário é raridade.'
Por causa da demora, os passageiros quase sempre se atrasam para entrar no trabalho. O patrão da auxiliar de serviços gerais Rosa Maria Alves, 37 anos, permitiu que ela iniciasse o serviço 40 minutos mais tarde. 'Ele mudou o horário porque eu chegava atrasada todo dia.'

Ponto crítico

Pagar R$ 2,30 de tarifa e caminhar faz parte da rotina, já que o s ônibus começam a 'estacionar' no corredor na altura do número 3.000.
Os passageiros reclamam. 'Acho que o negócio é descer', diz o gesseiro João Teodoro, 50 anos. O motorista abre as portas sem que ninguém solicite e todos, inclusive Teodoro, descem. A maioria dos ônibus parados no trânsito ficam vazios.Os passageiros tentam entender o que provoca tamanha lentidão. 'É muita gente que desce e anda três, quatro pontos para embarcar mais adiante. Isso congestiona o corredor', disse a operadora de telemarketing Selma Marta, 24 anos.
Os que desembarcam caminham cerca de 1 quilômetro e pegam os coletivos perto do entroncamento com a Avenida Guarapiranga. Neste ponto, os ônibus ficam até quatro minutos parados para todos os passageiros embarcarem. Os coletivos lotados passam direto. 'Mas não tem uma faixa extra para os ônibus ultrapassarem os que estão parados', diz o assistente financeiro Valdir dos Santos, 39 anos.

CRONOLOGIA
07/03/2008
Cerca de mil pessoas realizaram protesto por melhorias na fluidez dos veículos na região. Os manifestantes bloquearam a Estrada do M’Boi Mirim no entroncamento com a Avenida do Guarapiranga nos dois sentidosDepois da manifestação, a Prefeitura colocou obstáculos para que os carros não invadam o corredor exclusivo, aumentou o número de fiscais nos pontos de ônibus e de marronzinhos ao longo da via
24/03/2008
Segundo Kassab, as medidas para melhorar a velocidade do corredor surtiram efeito. “O corredor M’Boi Mirim reduziu o tempo de viagem de 72 para 19 minutos”, declarou no dia 24 28/03/2008
Novo protesto. Um ônibus lotado que passou sem parar no ponto e revoltou três passageiras. A via foi bloqueada por 15 minutos. O protesto só não foi maior porque a Polícia Militar conteve os manifestantes
Fonte: Jornal da Tarde

Nenhum comentário: