quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Falta de sinalização transforma novo corredor da rua Pedro de Toledo em estacionamento de carros

Naiana Oscar naiana.oscar@grupoestado.com.br

Cadê a faixa de ônibus?

A SPtrans garante que a obra já foi concluída e o corredor, liberado. Mas os passageiros que usam as linhas de ônibus das ruas Borges Lagoa e Pedro de Toledo, na Vila Mariana, não perceberam a diferença. Quem circula pela região nem nota a pista exclusiva dos coletivos. Como a sinalização ainda não está pronta, os ônibus são obrigados a desviar dos carros estacionados na faixa exclusiva.

Orçada em R$ 10 milhões, a obra tinha previsão de conclusão em novembro. Os pontos de ônibus, com plataformas que ficam acima do nível das avenidas, estão prontos. Na parada dos coletivos, o asfalto também já foi substituído por concreto. Só que falta o mais importante: a sinalização que demarca o corredor e proíbe que os automóveis estacionem ao longo da via.
"Ninguém respeita a faixa, porque ela ainda não existe. Isso não tem nada de exclusivo", disse o motorista de ônibus Francisco de Souza, de 47 anos e 25 de profissão. Para Souza, que passa todos os dias pelas ruas Borges Lagoa e Pedro de Toledo, a SPtrans tem de providendar, além da sinalização, um outro detalhe: a poda de uma árvore. "Ela fica bem perto do ponto vizinho ao Hospital São Paulo. Para não esbarrar nos galhos, os ônibus têm de sair da faixa".

Do jeito que está, no horário do rush, os ônibus têm levado cerca de uma hora para atravessar a avenida. Com a faixa exclusiva, os motoristas estimam que isso demore só 15 minutos. Os carros estacionados por toda a via são o maior entrave. Em muitos casos, para não ter de mudar de faixa com freqüência, os motoristas de ônibus param longe do ponto. "O problema é que, para pegar idosos, doentes e pessoas com deficiência a gente tem de se aproximar bastante da guia".
A funcionária de um laboratório da região, Merilza Rodrigues, já se acostumou a descer do ponto para chamar o coletivo na pista da faixa exclusiva. Na semana passada, por volta das 13h, teve de sair na chuva para embarcar. "Quem disse que aqui tem corredor? Se existe, não fomos comunicados nem percebemos, porque continua a mesma coisa", disse para a reportagem, minutos antes de se jogar na chuva para fazer sinal para o ônibus.

Dono de uma banca de jornal na Borges Lagoa, Agnaldo Trajano de Lima, 48 anos, tem escutado muita reclamação dos passageiros, principalmente dos que freqüentam a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), perto do Hospital do Servidor Estadual. Segundo ele, como as linhas que vão para o Centro da Cidade deixaram de passar pela rua, por conta das obras, as pessoas têm de ir até a Avenida Ibirapuera para conseguir condução.

Mesmo quem consegue embarcar na Borges Lagoa encontra dificuldades. A mãe de uma criança com paralisia cerebral, que não quis se identificar, deixou de pegar três ônibus na última quinta-feira, porque nenhum deles parou no ponto. "Estou esperando há quase meia hora. Para entrar com a cadeira de rodas, o ônibus precisa ser especial e tem de parar bem perto da guia", disse.
Avisados há dois meses de que teriam de mudar de ponto, os taxistas da região ainda aguardam da Prefeitura a decisão final. "Disseram que a teríamos de ir para o outro lado da rua, mas não nos procuraram mais", disse o taxista Sidnei Nogueira. Com a falta de definição por parte da Prefeitura, os taxistas continuam estacionando seus carros na faixa exclusiva de ônibus. "Desde outubro estamos aqui sem sinalização. Temos de competir com os carros de passeio que param no ponto". Nogueira diz ter dúvidas de que o corredor trará benefícios para quem circula pelas ruas Borges lagoa e Pedro de Toledo. Segundo ele, a faixa exclusiva vai prejudicar a entrada de veículos nos hospitais e clínicas da região, inclusive de ambulâncias. Em nota, a SPtrans enfatizou que a obra não está atrasada e que a sinalização será concluída na primeira quinzena de janeiro. Com isso, os carros ficarão proibidos de estacionar na via e a CET deve intensificar a fiscalização na região.

Com os corredores em operação, serão reorganizadas 36 linhas de ônibus, que transportam 75 mil passageiros. As obras fazem parte do Projeto Bairro Universitário, uma parceria da Prefeitura com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O projeto prevê ainda a remoção de postes e lixeiras nas áreas de circulação; construção de guias rebaixadas nas áreas de travessia e de rampas para eliminar degraus no passeio.

As respostas da SPTrans

Questionada desde a semana passada sobre o atraso nas obras das ruas Borges Lagoa e Pedro de Toledo, a SPtrans informou ao Jornal da Tarde que as sinalizações horizontal e vertical seriam concluídas no último final de semana, o que não aconteceu. Abaixo, as respostas da Prefeitura:
18 de dezembro - O viário já foi concluído e a pista da Borges Lagoa já foi liberada dentro do programado, ou seja, novembro de 2007. Estamos revisando as calçada e providenciando a sinalização horizontal e vertical que será concluída neste fim de semana (22 e 23 de dezembro)
19 de dezembro - Esclarecemos que a obra está pronta e neste fim de semana, se o tempo permitir, serão feitas as sinalizações verticais e horizontais. Entre os avisos estão a proibição dos veículos estacionarem e pararem, principalmente nos horários de pico. A CET intensificará a fiscalização no local para coibir as abusos.

27 de dezembro - Não trabalhamos com data de entrega, mas com previsão. Em relação ao binário Borges Lagoa/Pedro de Toledo decidimos fazê-lo em etapas para minimizar o prejuízo aos clientes. Além disso, ocorreu um período grande de chuvas que prejudicou o andamento das obras estruturais. Por esse motivo a previsão de sinalização do corredor passou a ser 1ª quinzena de janeiro de 2008.

Fonte: ANTP/Jornal da Tarde

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