sexta-feira, 21 de março de 2008

NOTICIA

Vans irregulares andam superlotadas

Sem fiscalização da Prefeitura, peruas circulam pelas ruas da capital em situações precárias e deixam passageiros em risco

No caótico trânsito de São Paulo, a falta de fiscalização tem despejado nas ruas vans que circulam muitas vezes lotadas ou em situações precárias, colocando em risco a segurança dos passageiros. Alguns desses perueiros trafegam graças a liminares concedidas pela Justiça, mas nem a Prefeitura, nem as associações que reúnem os motoristas, sabem dizer quantos veículos operam nessas condições pela cidade.
Por dois dias, o DIÁRIO andou em lotações que saem do Largo do Paissandu, no Centro, rumo a Zona Norte. Numa das viagens, 33 pessoas se espremiam em uma van com lugar para apenas 17 pessoas sentadas. Na outra, o veículo era velho, com fiações expostas e a porta não fechava direito.

As peruas irregulares — que operam à margem da fiscalização da Prefeitura e não tem o validador do bilhete único — são encontradas em diversas regiões da cidade. A maioria circula com a inscrição "liberada pela Justiça" nas latarias. Elas podem ser vistas próximo ao Mercado da Lapa, na Praça do Correio, no Largo Treze de Maio, na Estrada do M'Boi Mirim, entre muitos outros pontos da capital.
O secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, afirmou que o Departamento de Transportes Públicos (DTP) aumentaria a fiscalização das peruas e que nenhuma poderia circular sem o validador dos bilhetes.

Corredores exclusivos

No congestionamento, as peruas levam vantagem sobre os microônibus, por trafegarem ora pelos corredores exclusivos dos ônibus, ora se enfiando e cortando as filas de carros. Mas nos corredores exclusivos, quem quer embarcar, se arrisca a entrar no meio da rua, pois a porta das vans fica à direita e, os pontos, à esquerda.
Ao menos três associações — Assesp, Abracov e Microluxo — reúnem os perueiros autônomos. Porém, as próprias entidades, que somadas têm atualmente pouco mais de 100 veículos na cidade, admitem que muitas das peruas que circulam pelas ruas não estão ligadas às associações, embora se identifiquem como tal.
Por isso, não é possível saber se as vans "clandestinas" passam por inspeções de segurança periódicas.
"Não temos poder de polícia. Quando o perueiro se desliga (da associação), comunicamos que ele deve retirar os adesivos na porta. Há quem obedeça, mas sabemos que há quem continue a circular com.eles", admite Benedito Massei, advogado da Cooperativa Microluxo, que entre ações coletivas e individuais, representa atualmente apenas 13 perueiros, que trabalham à base de liminares.
A situação se repete na Associação Brasileira dos Condutores de Veículos (Abracov), que tem cerca de 20 perueiros filiados. "Não há como forçar os motoristas que não pertencem à associação a tirarem os adesivos", explica Leandro Cavassini, secretário da Abracov.

Prefeitura vai fazer cadastro

O secretário Alexandre de Moraes afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os 70 fiscais do DTP estão nas ruas retirando as peruas que não possuem liminares para operar na cidade. O secretário disse ainda que todas os veículos devem circular com o validador de bilhete único. De acordo com Moraes, os motoristas que possuem liminares serão convocados pelo DTP para colocar o validador. Eles terão uma linha para operar na cidade. No entanto, a Secretaria Municipal de Transportes não soube informar um prazo para que isso ocorra.
Sobre as condições das peruas que circulam na cidade, Leonilson Pereira da Silva, diretor-presidente da Associação dos Transportadores em Auto-lotação de São Paulo (Assesp), afirmou que não se pode generalizar. "Os 70 veículos da Assesp passam por inspeção de segurança veicular a cada 90 dias, por uma empresa homologada pela SPTrans", explica ele. Na Abracov, a informação é de que os veículos também são verificados a cada três meses e, na Microluxo, os veículos passam por vistoria mensal na oficina da própria associação.
Silva afirma que os motoristas ligados à Assesp têm que seguir uma regulamentação da associação. "Se é verificado que o motorista coloca em risco a segurança dos passageiros, como superlotar o veículo, ele é chamado para ser advertido ou suspenso. Caso haja reincidência, ele pode até ser expulso".
O diretor-presidente afirma que nos seis anos de operação da Assesp, nenhum acidente grave foi registrado com as vans da entidade.
Fonte: ANTP

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