quarta-feira, 26 de março de 2008

NOTICIA

Lentidão afasta usuário de carro do ônibus

A maior demora da viagem dos ônibus mesmo nas faixas teoricamente exclusivas também reforça as alegações de motoristas que resistem a deixar seus carros na garagem. A velocidade dos automóveis em parte das vias com corredor de ônibus pode ser até inferior em alguns horários de pico -na Eusébio Matoso/Rebouças/ Consolação, por exemplo, era de 10,4 km/h em 2005. Mas uma vantagem muito pequena na rapidez do transporte coletivo em relação ao transporte individual é insuficiente para torná-lo atrativo, de acordo com os técnicos."A diferença precisa ser sensível para que alguém deixe seu carro em casa. E ainda é necessário um segundo incentivo", afirma Cláudio Senna Frederico, especialista em transporte. O segundo incentivo que ele cita é, por exemplo, uma restrição maior ao carro -como a alta do preço para estacioná-lo.Uma pesquisa feita em 11 municípios e divulgada num congresso da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) indicou que a desigualdade na ocupação das vias públicas atingia até as com faixas exclusivas de coletivos. Proporcionalmente à quantidade de usuários que transportam, os carros ocupam 8,7 vezes mais as vias do que os ônibus nos corredores -a diferença atinge 10,5 vezes no caso de pistas sem nenhuma prioridade ao transporte público.Se a lentidão dos ônibus desestimula a classe média a deixar o carro na garagem, na periferia ela gera atrasos inevitáveis para quem não tem outra opção. Há duas semanas, a demora e a superlotação do transporte chegaram a motivar um protesto em que mil pessoas fecharam por seis horas a estrada do M'Boi Mirim, na zona sul.A Folha voltou ao local na semana passada e verificou que as ações adotadas pela prefeitura em resposta ao protesto ainda não foram suficientes para resolver os problemas. O congestionamento dos ônibus continua e se forma a partir das 6h -embora as filas tenham tido breve queda.O segurança Gilberto Simões, 28, só conseguiu embarcar após meia hora de espera. A empregada doméstica Ana Maria Santana, 53, usuária da mesma linha que levaria ao terminal Jabaquara, na zona sul, resolveu não subir. "É a segunda vez que deixo passar. Vem lotado, não dá para entrar."Após o protesto, além de ter destacado 50 fiscais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da SPTrans (empresa municipal que cuida dos transportes) para a faixa que vai do terminal Jardim Ângela à avenida Guarapiranga, a prefeitura transferiu a operação de quatro linhas da viação Itaim Paulista para a Campo Belo e pôs tachões nas saídas das paradas, para evitar que carros invadam a pista dos ônibus.A reportagem, porém, flagrou automóveis trafegando pelo corredor entre os pontos, longe das vistas dos fiscais. No local, as paradas de microônibus, que funcionam do lado direito da pista, contribuem para a lentidão de carros."Mesmo depois do protesto, os ônibus ficam parados nos horários de pico", afirmou o segurança Marcelo Joaquim dos Santos, 31, que se disse surpreso ao voltar, em 2006, a Piraporinha, bairro "onde nasceu e se criou", após dez anos em Natal (RN). "Antes não tinha corredor, mas também não havia esse trânsito. Levava 40 minutos ao centro. Hoje, dá duas horas."
Fonte: WEBTRANSPO

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