domingo, 23 de março de 2008

NOTICIA

Ônibus /100 ANOS NO BRASIL

Rio de Janeiro - Há quase cem anos, um veículo bastante conhecido encerrava uma das mais longas carreiras no transporte público carioca, levando milhões de passageiros em dois séculos diferentes. No início do século XX, desaparecia o Tílburi. Pequeno carro de praça de duas rodas, puxado por um cavalo, era destinado ao aluguel e também dispunha de tarifa, como os táxis atuais. Em 1847, cobrava-se 1$000 (mil réis) por hora, para destinos próximos ao centro. Nos domingos, feriados, dias santos, ou - pasmem quando chovia, o cliente tinha de desembolsar mais 500 réis. Segundo Charles Dunlop, o veículo foi inventado por um inglês chamado Gregor Tilbury, em 1818, e chegou aqui por volta de 1830. Por incrível coincidência, um dos primeiros proprietários locais foi um padre chamado William Paul Tilbury, professor de inglês na Rua do Cano, atual 7 de Setembro. Quando o viam chegar, falavam: "Lá vem o Tilbury". O apelido pegou imediatamente, e se difundiu mais ainda quando este passou a prestar serviço de aluguel. Como carro de praça, o tílburi, ao longo do século XIX, tornou-se universal. Seu número não cessava de crescer, desbancando outros tipos de veículos que prestavam o mesmo tipo de serviço. Em 1868, aconteceu o recorde de licenciamento, registrando-se 600 novos veículos. Só com o aparecimento do automóvel é que seu uso começou a declinar, rumo ao fim inexorável. Mesmo assim, foi uma queda em câmara lenta, tal seu grau de enraizamento nos hábitos dos habitantes locais. O tílburi foi, com o bonde, um dos meios de transporte mais importantes do século XIX. Sua mobilidade pôde acompanhar a expansão urbana desencadeada pelos bondes, os quais possibilitaram a criação de bairros mais afastados do centro, mas ligados a este por um transporte eficiente. Prestou serviço através das diversas transformações que a cidade passou, tornando-se parte inseparável da cena do Rio Antigo. Sua imagem de perenidade é testemunhada por Machado de Assis, em seu conto "Anedota do Cabriolé": "O tílburi...promete ir à destruição da cidade. Quando esta acabar e entrarem os cavadores de ruínas, achar-se-á um parado, com o cavalo e o cocheiro em ossos, esperando o freguês de costume". Nem Machado nem nenhum contemporâneo seu poderia prever as transformações do século XX, as quais finalmente acabaram por levar o tílburi. Mas ele deixou seu legado, transmutando-se em lembrança marcante de uma grande época.
Paulo Pacini
Fonte: NTU

Um comentário:

Caroline disse...

The 'tilbury'
This two-wheeled carriage, known as a gig, was built by John Tilbury in London; it was first on the road in the 2nd decade of the 19th century. John Tilbury had both brother and grandson called George Tilbury; the brother lived in England; the grandson moved to USA and Canada. I am a Tilbury researcher, and in my group we do not yet know who organised the export of these vehicles. The letters on the side of at least one 'tilbury' in Rio were "GT" - supposed by many to be "Guillerme Tilbury" but in fact were probably for "George Tilbury". I do not read your language fluently but will try to translate your comment, and will put a link from my website. Caroline
See:
http://freepages.genealogy.rootsweb.ancestry.com/~cmtilbury/ttm/ttm_tilbury_gig.html
and related history pages; also:
http://freepages.genealogy.rootsweb.ancestry.com/~cmtilbury/rev_william_paul_tilbury.html