quarta-feira, 26 de março de 2008

NOTICIA

Cresce opção por fretados

Circulam pelas ruas da Capital 3.659 desses ônibus e a Prefeitura estuda 2.843 solicitações para criação de novas linhas

A agente de viagem Regina Carolina Tafner Inaimo trocou o transporte público e o carro pelo ônibus fretado para ir ao trabalho. Como ela, muitos paulistanos recorrem a essa alternativa - nos dois últimos anos cresceu em 8% o interesse por esse transporte, segundo pesquisa encomendada por empresas de fretamento empresarial. Eles saem dos quatro pontos da cidade para as regiões das avenidas Paulista, Luís Carlos Berrini e Eusébio Matoso.
Regina saía de casa às 7h para chegar ao trabalho às 9h. Moradora da Casa Verde, Zona Norte, pegava um ônibus cheio até o Metrô Santana, fazia baldeação para, na Paulista, pegar carona com um colega de trabalho e enfrentar o trânsito até a Faria Lima, Zona Sul. Se perdia o ônibus, o marido tinha de levá-la. Hoje, pega o fretado às 6h45 e chega ao trabalho às 7h20.
Em busca desses passageiros, 18 empresas criaram o Consórcio Usebus em setembro de 2007. Por mês, são criadas, no mínimo, três novas linhas e há lista de espera de itinerários. 'Nosso foco são aqueles que usam carro e não encontram qualidade no transporte público', diz o diretor do consórcio, José Boiko.
O administrador João Batista Augusto mora na Penha, Zona Leste, e trabalha na Avenida Faria Lima, Zona Sul. Dependendo do dia, alternava o meio de transporte. De carro, gastava R$ 220 por mês, só de estacionamento, sem contar o combustível, e demorava entre uma hora e meia e duas horas. De transporte coletivo, gastava R$ 280 com passagens de metrô e ônibus e chegava em uma hora e meia. De fretado, gasta R$ 250 por mês e demora cerca de uma hora. 'Não me preocupo mais com o trânsito e aproveito para colocar minha leitura em dia.'
Para o assessor da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo Jorge Miguel dos Santos, o interesse aumenta na mesma proporção em que o trânsito piora. 'Os paulistanos preferem a comodidade do fretado, com ar-condicionado, banheiro, TV e poltronas reclináveis, aos ônibus lotados', acredita o presidente da Associação de Passageiros da Vila Industrial, da região da Vila Prudente, Zona Leste, Mauro Sérgio Romeiro Oliveira.
Estima-se que aproximadamente 600 mil pessoas circulam de fretados na região metropolitana de São Paulo entre moradores de outras cidades que trabalham na Capital, paulistanos que buscam conforto e rapidez e funcionários de empresas que fornecem transporte de ônibus. O serviço surgiu nos anos 1950 com trabalhadores do ABC. Muitas associações foram criadas pelos passageiros, donos de ônibus ou empresários do setor. O Departamento de Transportes Públicos estuda 2.843 solicitações para criação de novas linhas junto com a SPTrans. Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, circulam pelas ruas da Capital 3.659 fretados.

Problemas

Para Paula Santoro, urbanista do Instituto Pólis, eles são uma opção contra a poluição dos carros. 'O transporte individual é um dos maiores problemas do trânsito da Cidade. O fretado é melhor que uma grande quantidade de carros na rua e é pior do que um sistema de transporte público eficiente. Ele é uma resposta para o transporte público que não é bom', acrescenta o superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos, Marcos Pimentel Bicálio.
Empresários do setor e estudiosos do trânsito dizem que cada fretado tira de 15 a 30 carros das ruas. O secretário de Transportes de São Paulo, Alexandre de Moraes, diz que ninguém comprovou efetivamente essa proporção. 'Eles (os fretados) são importantíssimos e têm nosso apoio.' Porém, causam impacto no trânsito quando embarcam ou desembarcam passageiros.
O presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), José Ignácio Sequeira de Almeida, enfatiza que atrapalham menos do que a quantidade de carros que estariam no lugar deles e cabe à Prefeitura analisar e definir lugares de parada. 'Os fretados só não podem criar situações de conflito com o transporte público. Não é conveniente usar espaços como corredores e paradas de ônibus.'
Em todos os fins de tarde, os problemas do engenheiro civil Marcelo Libeskind, 47 anos, morador da Alameda Casa Branca, Jardim Paulista, Zona Sul, começam. Ele fecha a janela do apartamento, no 6º andar, para que a fumaça do combustível dos fretados não invada sua casa. Ele reclama também do barulho e do espaço que os ônibus ocupam na rua - atrapalhando o trânsito.

Regras de convivência e sobrevivência

Se tiver de conversar ao celular, fale baixo. Com outros passageiros, use tom de voz baixo. Não seja espaçoso

Se for permitido, deixe um pequeno travesseiro para dormir com mais conforto. Se você ronca, tente não dormir

Não saia de casa sem um kit com livro, jornal ou revista, iPod ou tocador de MP3 e casaco, por causa do ar-condicionado

De manhã, não abra a cortina presa com velcro, não mexa em sacolas plásticas ou qualquer outra coisa que faça barulho

Não coloque bolsas ou mochilas na poltrona vizinha.Evitar a presença de alguém ao seu lado é uma atitude egoísta

Se houver poltronas vazias, ocupe primeiro as janelas. Se preferir o corredor, não durma até alguém sentar-se ao seu lado

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de saber se é possível me informar quanto ao fretado que sai da Casa Verde e vai até a Vereador José Diniz.

Obrigada