segunda-feira, 24 de março de 2008

NOTICIA

Uma viagem de risco

Agências clandestinas desafiam fiscalização em SP

As agências de turismo clandestinas desafiam a fiscalização e oferecem bilhetes de viagem para quase todos as regiões do Brasil pela metade do valor cobrado por empresas regulares. A Subprefeitura da Mooca investiga 18 na região, além de ter fechado outras 12 em 2007. A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) apreendeu, em 2007, 663 ônibus clandestinos. Neste ano foram 75. “Enxugamos gelo porque os motoristas usam rotas alternativas e se comunicam para saber das fiscalizações. Tiramos um carro da rua e, na mesa hora, outros são colocados no lugar”, afirma José Antônio Schmidt, superintendente da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).A oferta é grande e o passageiro pode comprar o bilhete e embarcar no mesmo dia. Mas o transporte é feito em ônibus com condições de segurança suspeitas, como pneus carecas. As ‘firmas’ atuam principalmente no Brás e na Vila Guilherme, Zona Leste, e na região central. A reportagem do JT passou na terça e quarta-feira em nove agências, sendo sete no Brás. Todas vendiam passagens e não estavam registradas na Associação Brasileira de Agências de Viagens. Elas funcionam em garagens, salões de cabeleireiros e até em postos de gasolina. A maioria das viagens é para cidades do Norte e Nordeste. A passagem para Feira de Santana, na Bahia, por exemplo,custa em média R$ 150. O preço cobrado pela Viação Gontijo fica entre R$ 230 e R$ 308. O embarque dos clandestinos em geral acontece às terças, quintas, sábados e domingos, entre 14h, 16h e 18h na porta das agências. Em duas do Brás (Alfredo Tur Ltda. e Júnior Turismo) e na Raimundo Turismo, que funciona num salão de cabeleireiro na Rua Helvétia, Centro, os atendentes admitiram o transporte clandestino. “A gente prefere dizer alternativo”, disse uma atendente da Alfredo Tur. A mesma reposta foi dada pelas outras agências.
Em outras seis (LipTur, Neném Tur, Graça Turismo, Net’s Tur, Van Tur, no Brás, e Cetur, em frente ao Terminal do Tietê), a resposta foi de que o trabalho e o transporte são regulares. As viagens, segundo as agências, seriam operadas pela Viação Transacreana, que funciona com liminar na Justiça e está com o Certificado de Fretamento vencido desde 2002 na ANTT. A Cetur não informou que empresa transporta seus passageiros.A reportagem encontrou ainda três motoristas autônomos (Praça Princesa Isabel, Alameda Dino Bueno, no Centro, e Rua Cavalheiro, no Brás) com coletivos próprios. José da Silva saiu na terça-feira da Praça Princesa Isabel rumo a Piauí, Maranhão. “Se a fiscalização parar, a gente dá um jeito.”A coordenadora de projeto turísticos da São Paulo Turismo, Fernanda Ascar, explica que as agências de viagens não podem vender bilhetes nem embarcar passageiros na rua. “Isso é transporte irregular.” Segundo o superintendente da ANTT, para uma empresa transportar passageiros precisa de permissão. “Os regulares são obrigados a sair dos terminais rodoviários.” Outra opção é o fretamento. “O ônibus pode sair das ruas, mas precisa do certificado da ANTT, que o usuário pode pedir na hora do embarque.” O motorista deve levar na viagem outros cinco documentos, como relação de passageiros. “Sem isso, o transporte é irregular.”O dono do ônibus irregular flagrado na estrada é multado em R$ 4 mil. Os passageiros são obrigados a esperar na estrada a chegada de outro carro. “Mesmo que se pague menos na passagem, há incertezas na viagem, como ficar sem seguro em caso de acidente”, diz Schmidt.
Fonte: Jornal da Tarde

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