quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MONTADORA

Ônibus rodoviário prevê retomada
Fabíola Binas

SÃO PAULO - A fabricação de ônibus rodoviários deve recuperar o fôlego este ano, especialmente no mercado interno, voltando aos patamares do que era produzido em 2008, período pré-crise. A estimativa é de que o setor tenha fechado 2009 com produção de 2,6 mil unidades, contra as cerca de 4,5 mil do ano anterior.

Segundo os dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), a produção de carroçarias para o setor rodoviário ficou com uma fatia de 23,24% do mercado de coletivos em dezembro passado - referente às associadas Fabus. Apesar do market share modesto em relação aos ônibus urbanos, estes carros têm alto valor agregado, custando em média R$ 600 mil a unidade (carroçaria + chassi), com produtos que podem beirar a casa de um milhão de reais.

Entre os fatores que animam fabricantes como a nacional Marcopolo e a multinacional Mercedes-Benz , está o anúncio de que as empresas de turismo interestadual terão suas licenças de atuação prorrogadas até 2011, elas, que estão entre os principais clientes das montadoras. Além disso, o aquecimento de alguns setores econômicos e a realização de eventos internacionais no País vão impulsionar os negócios.

"Observamos o início da recuperação já nos últimos dois meses de 2009, em função dessa prorrogação das licenças", analisou Paulo Corso, diretor comercial para o mercado interno da Marcopolo. Ele estima que em 2010, a empresa possa comercializar entre 2,5 mil e 2,7 mil unidades, contra as cerca de 2,3 mil do ano passado.

Na área de ônibus rodoviários, a montadora mantém como clientes de transporta interestadual, empresas como o grupo o Águia Branca e o JCA, que engloba as marcas turísticas 1001, Cometa e Catarinense, além de companhias como Unisul, Ouro Prata, Planalto, Embaixador, Reunidas, Real Alagoas, Transbrasiliana, Gontijo e Guanabara Fortaleza.

Corso diz que, conforme a economia "começa se mexer", alguns setores vão gerar demanda para a fabricação dos rodoviários. "Outro mercado que deve se desenvolver é o de fretamento, que se concentrará nas áreas industriais", comentou com o DCI. O diretor acrescentou que áreas como a construção civil, a exploração de minério e até as atividades do Pré-sal estimularão a venda dos coletivos executivos para o transporte da mão de obra.

Outro segmento citado pelo executivo é o de turismo. "Já começamos a falar do mito da Copa de 2014", disse ao lembrar que a realização dos principais eventos esportivos mundiais no Brasil vai estimular a atividade turística, e junto com ela a comercialização de carros para fretamento. "Mais um exemplo são os cruzeiros. Pense que, quando um navio atraca, duas mil pessoas necessitam de traslado para hotéis ou aeroportos", lembrou. Para Corso, a tendência é que 20% da produção se volte para os rodoviários.

Especializada na produção de ônibus para diversos segmentos, a Marcopolo espera alcançar um receita líquida consolidada de R$ 2,55 bilhões em 2010, o que corresponderá à produção de 24,7 mil unidades entre o Brasil e o exterior, de acordo com o guidance (expectativa de desempenho futuro) divulgado ao mercado em dezembro passado. Em 2009, a receita deve fechar próxima aos R$ 2,3 bilhões, referentes à fabricação de 21 mil veículos.

Outra companhia que vê com otimismo a retomada do mercado de ônibus rodoviário é a Mercedes-Benz do Brasil, que também crê que a decisão sobre linhas deve estimular a produção.

"Passado o período de indefinição sobre as linhas interestaduais, a crença é que, em 2010, haja uma maior procura, a partir de abril", projetou Gilson Mansur, diretor de Vendas de Veículos Comerciais da Mercedes-Benz.

Mansur explicou que a idade média das frotas será um diferencial para as empresas e que, por isso, parte delas vão procurar renovar a frota para aumentar sua competitividade. A Mercedez mantém no portfólio de clientes, companhias como Itapemerim, o grupo dos Constantino, empresas como União, Breda e Expresso Guanabara e o grupo Real.

Incluindo os modelos 4.2 e 6.2 de ônibus rodoviários, a marca ficou perto das 1,6 mil unidades em 2008, contra mil em 2009. "Nossa expectativa é voltar aos patamares de 2008", contou o diretor.

Mercado

José Antonio Fernandes Martins, atual presidente da Fabus reafirmou que a indústria espera reascender os negócios. "2010 será o ano de uma reação substancial no mercado de ônibus rodoviários", finalizou. (DCI)

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