quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MERCADO

Mercado de ônibus cai, mas eventos esportivos devem impulsionar o setor

Assim como outros setores da economia, segmento verificou queda nas vendas devido, principalmente, aos escassos investimentos em renovação de frota

Mesmo com a queda do mercado, indústria de ônibus urbano produziu 2,8% mais

Embora os impactos da crise financeira mundial já tenham diminuído, segundo especialistas, as marcas da retração econômica ainda perduram nos principais setores produtivos. Durante o auge da recessão, inúmeras iniciativas foram realizadas afim de garantir a normalidade econômica. No setor automobilístico, por exemplo, a redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) permitiu às montadoras retomar o fôlego nos negócios. No entanto, poucas pessoas pararam para analisar como ficou o mercado de ônibus, principalmente o urbano, durante esse período.

Para se ter uma ideia, além dos problemas diretos causados pela crise, o setor ainda precisa se ajustar para não sofrer ainda mais com os impactos indiretos, como a queda na procura pelo serviço, devido às baixas nos postos de trabalho, e os inúmeros feriados ao longo deste ano, por exemplo.

De acordo com o anuário da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), publicado no fim do segundo bimestre deste ano, inúmeras empresas sentiram na pele o que o crescimento dos níveis de desemprego causaram ao País.

Segundo o levantamento, com o aumento no número de desempregados, as empresas prestadoras deste tipo de serviço amargaram uma queda de usuários transportados, com isso, há menos renda e mais veículos ociosos.

Além disso, a pesquisa aponta que devido a estes fatores houve uma diminuição na necessidade de ampliar a frota, já que menos passageiros utilizaram o serviço. Com isso, uma outra ponta da cadeia produtiva sentiu o resultado ao longo deste ano: as fabricantes de ônibus.

Produção

Dados do último balanço da Anfavea (Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores), referente ao mês de novembro, apontam que no acumulado do ano 32.405 ônibus foram produzidos no País. Desde total, 28.516 representam a demanda de veículos urbanos. No mesmo período do ano passado, 42.837 unidades foram fabricadas, sendo 36.392 ônibus urbanos.

Embora os números revelem queda, em relação ao mesmo período do ano passado, no último mês as fabricantes registraram um crescimento de 2,8% na produção deste tipo de veículo em comparação ao mesmo mês do ano passado, período auge da crise. Enquanto isso, os modelos rodoviários contabilizaram uma queda de 13,3% no mesmo período.

Prova que o mercado vem ser recuperando é que a Mercedes-Benz, empresa que possui 48,5% de participação no mercado de ônibus, segundo dados da companhia, contabilizou no acumulado deste ano a comercialização de 8.695 unidades destinadas ao uso urbano, entre modelos com motor frontal e traseiro.

Neste mercado, tanto de ônibus rodoviário quanto urbano, a empresa comemorou em novembro a comercialização de 1.041 ônibus. De acordo com os dados apresentados, este foi o melhor mês do ano e dos últimos quinze anos.

Para a organização, contribuíram para esse desempenho as solicitações maiores por ônibus urbanos para as grandes cidades e por ônibus escolares de programas do governo federal e de estados como São Paulo e Paraná. Atualmente, conforme os números apresentados, o mercado de ônibus urbano é o carro chefe da empresa no segmento, já que a marca comercializou um total de 10. 880 unidades.

Outra empresa que, embora tenha sentido os efeitos da crise, acredita no potencial do mercado de ônibus urbano é a montadora sueca Scania. Eduardo Monteiro, Responsável pelas vendas de chassis urbanos da companhia no Brasil, explica que a queda no mercado foi irremediável já que boa parte das pessoas estavam com receio de fazer investimentos que não pudessem arcar no futuro. No entanto, segundo ele, o que se percebeu no segundo semestre deste ano foi uma retomada na renovação da frota em operação no País.

Copa e Olimpíadas

Para Monteiro, a tendência é que o mercado cresça significativamente nos próximos anos, já que o Brasil será palco de dois grandes eventos esportivos mundiais: a Copa de 2014, que contará com 12 cidades-sedes, e as Olimpíadas de 2016, que acontecerá no Rio de Janeiro.

“Todas as federações envolvidas nestes acontecimentos esportivos deverão realizar grandes investimentos em infraestrutura de transporte, implantando BRTs (Bus Transit Rapid) ou corredores exclusivos para ônibus, com isso haverá uma procura crescente e contínua por este tipo de veículo”, explica.

Embora a fabricação deste veículo deva crescer para atender a busca pelas melhores soluções em transporte coletivo, de acordo com Monteiro, ainda não é possível estimar um incremento para o mercado.
(webtranspo)

Nenhum comentário: