segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

RIO

RioCard: 12 empresas de ônibus estão envolvidas em fraude

Auditoria realizada pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) no sistema RioCard detectou o envolvimento de 12 viações com a fraude do cartão eletrônico. A maioria opera em linhas na Baixada e Campos. Outra empresa, de Macaé, foi excluída da bilhetagem eletrônica após receber várias advertências devido a fraudes.

Na tentativa de frear as irregularidades, a Fetranspor impôs um 'programa de cotas' a algumas empresas. O número de passagens pagas com o RioCard foi limitado: o que ultrapassa não é reembolsado.

Outras seis empresas estão na mira da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados. Escutas telefônicas revelam a participação de diretores no esquema. Eles compravam os cartões - obtidos pelo bando pela metade do valor - e descarregavam os créditos integralmente nos seus coletivos.

Terça-feira, a Operação Fim de Linha prendeu 13 pessoas acusadas de fraudar cartões do RioCard e vales-refeição e roubar da SuperVia máquinas de recarga de cartões.

Segundo o delegado Eduardo Freitas, os responsáveis pelas empresas de ônibus citadas pelos acusados nos 'grampos' serão chamados a depor. "Há suspeita de envolvimento tanto de empresários quanto de funcionários de outros órgãos", disse o delegado. Nas escutas, acusados citam funcionários de banco, da Fetranspor, do RioCard e de empresas de vale-refeição.

Apontado como um dos líderes da quadrilha, Leomárcio Detoni, dono da viação Serra do Piloto, de Mangaratiba, é flagrado falando de seus supostos contatos nas empresas Transmil, Oriental, Blanco, Pavunense, Niturve, Feital e LM, onde, segundo a polícia, os cartões eram descarregados.

Num dos trechos gravados ele diz ter recebido R$ 4 mil de Alexandre Magno da Silva. Dono da viação Oriental, Alexandre foi executado a tiros semana passada em Santíssimo. "Não sabemos ainda se eles têm envolvimento no crime", ressaltou o delegado.

O Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (RioÔnibus) informou que só vai se pronunciar ao final das investigações. A Viação Blanco afirmou que não foi procurada pela polícia e que não crê em fraudes na empresa.

Quadrilha
As investigações mostram que 14 empresas foram criadas, possivelmente para lavar o dinheiro arrecadado com a fraude. Algumas estariam em nome de Leomárcio e outras camufladas com 'laranjas'. Ontem, um desses testas de ferro confirmou à polícia que Jorge dos Reis Lima, preso na Operação Fim de Linha, usou seu nome para abrir um minimercado.

Os estabelecimentos variam entre restaurantes, mercados, açougues e outros em que se pode usar máquinas para descarregar vales-refeição e alimentação. O grupo tem até lotérica.

O negócio era lucrativo: Leomárcio, a mulher dele (Erilene Detoni, também presa) e os comparsas falam em movimentações de até R$ 500 mil. Em uma conversa, Leomárcio diz que gastará "uma merreca, uns R$ 10 mil" para dar baixa em uma firma e que faturou o mesmo em Campo Grande em um dia. O líder do esquema também comprou apartamento em Nova Iguaçu por R$ 365 mil. A filha de 18 anos de Leomárcio atuava nos negócios.

Em um dos diálogos gravados, ele dá a entender que foi extorquido por policiais civis e que pagaria pelo menos R$ 15 mil a um secretário para pôr em funcionamento linha de ônibus em Mangaratiba. A polícia diz que não confirmou envolvimento de políticos no esquema. A Prefeitura de Mangaratiba informou que, se for comprovado o envolvimento de algum secretário, vai tomar as medidas cabíveis. (TERRA)

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